Começa hoje talvez o campeonato mais vexaminoso da história do futebol brasileiro. Não sei se na África do Sul, na época do apartheid, permitiram algo assim.
No Campeonato Estadual do Rio, os times pequenos nunca poderão receber os grandes em seus estádios. Todos os jogos de grandes contra pequenos serão no Engenhão, Maracanã ou em São Januário. Na tabela, os grandes são sempre mandantes. E como os clássicos serão no Maracanã, Flamengo e Fluminense farão todos os seus jogos, 100%, lá.
O argumento é que vários estádios dos pequenos não tinham condição de receber o sistema de transmissão da TV Globo – após concordar em cobrir a proposta da Record, a Globo vai expandir o payperview. E em nome da “igualdade”, os clubes que tinham bons estádios, como o Volta Redonda, tiveram seus direitos igualmente cassados.
A noção de igualdade só vale para a disputa do rebaixamento. Porque, convenientemente, se esqueceram que nos últimos anos, muitos times do interior ou pequenos do Rio estiveram presentes nas decisões das Copas Guanabara e Rio e até na final do Estadual.
Entre o dinheiro da TV, que vai ficar majoritariamente para os grandes, e o direito dos pequenos, danem-se os pequenos.
Registre-se que o fato praticamente não gerou nenhuma polêmica. Se o finado Caixa D’Água tivesse colocado os jogos dos times grandes contra o Americano todos em Campos, o mundo teria vindo abaixo.
Mas o direito dos pequenos é mesmo… pequeno.
O maravilhoso futebol do Rio, com seus torcedores e sua tradição, não merecia essa enorme mancha em sua história.